Quando o tema de conversa é o aquecimento global e o que pode ser feito a esse respeito, a maioria das pessoas refere-se à pegada de carbono das suas atividades, aos seus hàbitos, aos produtos que utilizam. Mas o que significa a pegada de carbono? O que està incluído neste conceito?
Neste artigo, partilhamos a importância do aquecimento global e o valor da pegada de carbono assim como a avaliação do ciclo de vida daquilo que usamos. Encontrarà exemplos do sector da higiene e limpeza aplicàvel às suas operações de limpeza.
Os Gases com Efeito de Estufa (GEE) são gases capazes de absorver a radiação de ondas longas (solar) que é refletida na superfície da Terra e refletem depois esta radiação de volta para a Terra. Se não existissem GEE na atmosfera, o planeta seria demasiado frio para a existência de vida como a conhecemos. No entanto, à medida que mais combustíveis fósseis são queimados e outros GEE são libertados, a atmosfera é capaz de absorver mais radiação e consequentemente mais calor. A este fenómeno chamamos de Efeito de Estufa (o mesmo mecanismo de uma estufa) e ocorre a uma escala global.
Em 2014, foi publicado um relatório sobre as alterações climàticas com base em evidências científicas a longo prazo. O estudo afirmava que o aumento das concentrações de gases com efeito de estufa (GEE) (não se tratando apenas de dióxido de carbono (CO2), mas também de gases como metano, óxido nitroso, entre outros) nos ùltimos 100 anos tem sido causado predominantemente por atividade humana.
Tanto a EPA (Agência de Proteção do Ambiente dos EUA) como a Comissão Europeia afirmam que o aumento dos níveis de CO2 tem estado próximo dos 50% desde a era da revolução industrial.
As empresas de combustível fóssil e os seus produtos são responsàveis por mais emissões nos ùltimos 30 anos do que nos 237 anos anteriores a 1988.
Apenas 100 empresas foram a causa de mais de 70% das emissões mundiais de GEE desde 1988 - ano em que foi criado o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climàticas. Isto de acordo com um relatório de 2017 da organização ambiental sem fins lucrativos CDP.
A CDP também revelou que emitimos hoje mais 40% por ano do que emitíamos em 1990.
A UE pretende alcançar a neutralidade carbónica em 2050 - uma economia com emissões líquidas nulas de gases com efeito de estufa. Este objetivo està no centro do Pacto Ecológico Europeu.
O carbono é uma abreviatura para todos os diferentes gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global. A pegada é uma metàfora utilizada para referir o impacto total de algo. O termo pegada de carbono descreve a melhor estimativa que podemos obter sobre o impacto total nas alterações climàticas de algo - uma atividade, um produto, um estilo de vida, uma empresa, um país ou até mesmo do mundo inteiro.
As emissões surgem em diferentes formas e formatos, uma vez que as provenientes da recolha de matérias-primas são muito diferentes das provenientes da produção de eletricidade. Tentamos unir estas diferentes emissões em nùmeros sobre os quais possamos agir. O que significa que diferentes emissões que causam o mesmo impacto são convertidas numa ùnica unidade. Este "Potencial de Aquecimento Global" é expresso em Kg CO2 equivalentes (Kg CO2-eq). Outras emissões de gases que não carbono (CO2) podem também causar alterações climàticas, tais como o metano (CH4) ou o óxido nitroso (N2O). O CO2 equivalente é uma métrica utilizada para comparar as emissões de todos estes vàrios gases com efeito de estufa, com base no seu potencial de aquecimento global (GWP), ao ser convertido em quantidades equivalentes de dióxido de carbono com o mesmo potencial.
A utilização incorreta mais comum do significado da pegada de carbono é a de desconsiderar alguma ou até grande parte das emissões causadas, sobre qualquer atividade ou item que esteja a ser discutido. Por exemplo, muitos calculadores online da pegada de carbono calculam um resultado com base no uso de energia de sua casa e nos seus hàbitos de deslocações, ignorando por completo todos os outros produtos e serviços que consome.
De forma semelhante, uma empresa especializada em produtos alimentares pode afirmar ter medido a sua pegada de carbono mas, ao fazê-lo, considerou apenas o seu escritório, armazém e logística, enquanto ignora emissões muito superiores causadas pelos próprios produtores de alimentos.
Este tipo de pegada de carbono aproxima-se mais de "dedadas" de carbono - não contribui com uma perspetiva completa do problema.
Muita confusão em torno do valor da pegada surge da distinção entre emissões "diretas" e "indiretas". Por exemplo, a verdadeira pegada de carbono da utilização de um automóvel inclui não só as emissões que saem do tubo de escape, mas também todas as emissões provenientes da extração do petróleo, o envio e o refinamento até se tornar combustível e ser transportado para a gasolineira, não mencionando as emissões substanciais causadas pela produção e manutenção do automóvel.
As emissões diretas ou de 'dimensão 1' provêm de fontes que são emitidas diretamente no local de produção ou prestação de um serviço. Um exemplo industrial seriam as emissões relacionadas com a queima de combustível no local.
As emissões de 'dimensão 2' são as indiretamente relacionadas com a compra de eletricidade, calor e/ou vapor utilizados no local, por exemplo:
As emissões de 'dimensão 3' são todas as outras indiretamente derivadas das atividades de uma organização, mas de fontes que não possuem ou controlam.
Os padrões de contabilização e reporting da Cadeia de Valor Empresarial de acordo com o Protocolo de Gases com Efeito de Estufa permitem às empresas avaliar o impacto de toda a sua cadeia de valor de emissões e identificar onde concentrar as atividades de redução.
Empresas como a Diversey enfrentam o desafio de lidar com situações complexas, tais como a produção de um vasto portefólio de produtos na mesma fàbrica ou fàbricas, sendo depois enviadas para diferentes destinos em todo o mundo. Que parte das emissões totais são atribuídas a que produto? A ùnica forma pràtica de lidar com a questão é por atribuição proporcional, e provavelmente a melhor serà por volume.
A Avaliação do Ciclo de Vida (LCA) fornece uma estrutura para medir o impacto de um produto, por exemplo. A LCA avalia vàrios aspetos do impacto ambiental, dependendo do método aplicado. O GWP é apenas uma das categorias. Existem diferentes métodos de LCA:
Se se quiser avaliar o ciclo de vida de um produto, é necessàrio definir em que consiste realmente esse ciclo de vida. O limite do sistema define que processos serão incluídos, ou excluídos do sistema; ou seja, a LCA.
A Avaliação do Ciclo de Vida é uma atividade de processamento de dados intensiva e demorada que reùne a avaliação de todos os inputs e outputs dos potenciais impactos ambientais durante a vida ùtil de um produto.
Ferramentas como o Ecoinvent, GaBi, ou SimaPro combinam um modelo e relatórios da avaliação do ciclo de vida, e bases de dados de conteùdo com ferramentas intuitivas de recolha de dados e relatórios que ajudam na comparação de cenàrios de impacto. Mais de mil substâncias são classificadas e caracterizadas de acordo com a sua contribuição para uma lista de categorias de impacto ambiental. Ainda são necessàrios conhecimentos técnicos específicos para completar um estudo completo de LCA.
Todos nós, intuitivamente, sabemos que a concentração de produtos de limpeza líquidos contribui para a sustentabilidade, uma vez que reduz a quantidade de material de embalagem e a quantidade de produtos químicos transportados da produção para o armazém e para o local de utilização final.
Serà que isso se reflete na sua pegada de carbono? Sim. Mas o gràfico abaixo (*) também ilustra a importância de compreender o que comparamos.
Aqui, a unidade funcional é em relação ao produto. Se olharmos para a pegada de carbono de um caso de um produto pronto-a-usar relativamente a um concentrado, o produto pronto-a-usar tem uma pegada muito menor. Isto deve-se ao facto de ter muita àgua e níveis inferiores de ingredientes. É preciso ter cuidado para não tirar a conclusão errada de que o produto pronto-a-usar é o melhor produto.
Quando analisamos estas duas soluções com uma unidade funcional diferente, os resultados são invertidos. Em vez de medir a pegada de carbono em relação ao produto, definimos a unidade funcional como 1 metro quadrado de superfície efetivamente limpa. Nesta situação, a pegada de carbono dos produtos químicos é idêntica, mas o impacto da embalagem, fabrico, distribuição e eliminação são piores para o produto pronto-a-usar.
Muitas empresas gostariam de saber os níveis da pegada de carbono por produto, uma vez que estes resultados seriam necessàrios para as avaliações da dimensão 3 quando a àrea total limpa não é conhecida. Estes resultados, contudo, podem ser enganadores se se tentar identificar a solução com a menor pegada de carbono. Por consequência, Diversey recomenda sempre a utilização de ""limpeza eficaz"" (por exemplo, por àrea limpa) como a unidade funcional para uma comparação significativa.
A limpeza ecológica certificada pode ser definida como a utilização de produtos e métodos de limpeza que são autorizados por terceiras instituições para satisfazer certos critérios ambientais e de segurança. Para os produtos serem considerados ""verdes"", é necessàrio remover eficazmente os poluentes e ingredientes perigosos sem comprometer o seu desempenho. É considerado o destino dos químicos e materiais utilizados durante o processo e os potenciais danos para o ambiente, mas isso não significa que, posteriormente, estes produtos tenham um GWP significativamente mais baixo. Depende também da concentração de utilização, embalagem, etc.
No gràfico abaixo (*), pode ver que o benefício da eco-certificação é menor do que o benefício de uma maior concentração do produto. As matérias-primas e os ingredientes petroquímicos têm um GWP elevado. A sua substituição por ingredientes 'naturais' e renovàveis ajudarà, desde que os ingredientes provenham de resíduos agroalimentares. Se as culturas são especialmente concebidas para a produção destes ingredientes (e assim competem com a produção de alimentos) então o impacto total deste processo é muito maior do que a utilização de ingredientes petroquímicos. Assim sendo, é fundamental compreender a fonte das matérias-primas nos produtos. Todo o benefício no GWP provém da diferença na fonte dos ingredientes utilizados no produto.
Ninguém contrapõe os grandes problemas existentes com os resíduos plàsticos. Não que o plàstico seja assim tão negativo, mas é tão negativo porque usamos em demasia apenas uma vez e depois deitamo-lo fora.
A utilização de plàstico pós-consumo reciclado (PCR) reduz o GWP de um produto. A tabela (*) abaixo mostra claramente isso. O benefício total de um produto depende, contudo, da contribuição do componente da embalagem para o GWP total desse produto. Faz mais sentido passar para o plàstico PCR com produtos prontos-a-usar em frascos com pistola pulverizadora. O benefício no GWP de produtos concentrados em embalagens de 1L ou 5L é insignificante. No entanto, ainda ajuda, naturalmente, a reduzir a questão global de resíduos.
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Referências
https://ec.europa.eu/info/strategy/priorities-2019-2024/european-green-deal_en
https://co2living.com/what-is-a-carbon-footprint-updated-2021
https://ecochain.com/knowledge/impact-categories-lca
(*) Càlculos baseados nos produtos da Diversey
Brochura
Pequenos passos para melhorar a pegada de carbono da sua limpeza profissional.
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